sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Te detesto. Não. Te amo como se amarrassem trezentas borrachinhas daquelas que a enfermeira aperta o braço da gente na hora de enfiar a agulha. E doi. O vermelho esvaindo das nossas certezas. Te detesto. Repito isso para mim a cada grito.
Outro dia te olhei bem fixamente, você não me enxergava e eu continuei te olhando. Logo em seguida procurei a amarra. Facão no punho, me livro dessa maldição. Não a encontrei em lugar nenhum. Te detesto, continuo. E de repente, penso em você seguidamente: dentro do  ônibus, dentro do quarto, aqui dentro desse fundo imenso em que te olho. Já leu Oscar Wilde, amor? Pensei em te responder. Se disparo contro o teu peito onde sangra esse gostar? Mancho o céu dessa forma e não há quem limpe.
E me disseram para deixar você à vontade, voando livre, pousando onde bem quisesse. E eu deixo, mas espero sempre você passar aqui por cima para te pedir permissão. Para continuar esperando. Te detesto. E quando você está longe eu grito. Quando você está perto, apenas penso. Te detesto. Principalmente quando você não aparece, repito.
Círculos são cercas.
Cerca é um gostar igual ao meu assim. Borrachinhas no braço formam cercas.
O pior confinamento é o círculo.
Gosto de você.
Trezentas borrachinhas  no meu braço.
È uma transfusão de sangue e não metáfora.
Te detesto por isso.


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